Giovanna Ralli

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Por onde anda Giovanna Ralli? Essa é uma pergunta que aficionados do cinema italiano podem estar fazendo, visto ser ela um dos mais belos rostos que já apareceu na telona no século passado. Com sua beleza expressiva e uma interpretação incisiva e natural, Giovanna Ralli estrelou mais de 80 filmes e séries de TV, tendo trabalhado com alguns dos melhores diretores do cinema italiano, como Vittorio De Sica, Federico Fellini, Roberto Rossellini e Ettore Scola, ao lado de atores de peso, como Vittorio Gassman, Totò, Nino Manfredi, Alberto Sordi, Ugo Tognazzi e Marcello Mastroianni.

Nascida em Lazio, região de Roma, em 2 de janeiro de 1935, a atriz começou sua carreira precocemente, aos sete anos de idade, no filme La Maestrina. No mesmo período, ganha um pequeno papel no filme I Bambini ci guardano, de Vittorio de Sica. Mas foi a partir dos anos 50, que teve seu melhor momento, interpretando mulheres fortes e determinadas. Embora tenha feito algumas pausas nos sets de filmagem, a atriz seguiu atuando até 2015, quando decidiu encerrar a carreira.

Giovanna Ralli tem uma irmã, também atriz, Patricia Lari, e foi casada com o ator Ettore Boschi, de 1977 até a morte deste, em 2013.

Beleza Italiana

Com apenas 1m 63, Giovanna Ralli crescia na tela com seu olhar expressivo e um misto de delicadeza e sensualidade. Tanto que figura  no ranking das mais belas atrizes italianas, junto com Claudia Cardinale, Gina Lollobrigida, Sophia Loren e Monica Belluci.

Por conta de sua beleza fresca e natural, no início de sua carreira foi chamada constantemente para interpretar mulheres enérgicas e espontâneas, favorecida por seu tipo físico e suas origens. Seu forte sotaque italiano marcou sua atuação, e se em alguns momentos a beneficiou na indicação de alguns trabalhos, em outros acabou limitando-a ao mesmo tipo de personagem. Mais tarde, seria difícil livrar-se desse tipo de papel, pelo qual ficou rotulada por muitos anos.

Giovanna Ralli: CarreiraGiovanna Ralli

Embora tenha iniciado a carreira muito cedo, estreando no cinema aos sete anos, no filme La Maestrina e aos treze nos palcos, na Companhia de Teatro de Peppino De Filippo), ser atriz não era exatamente um sonho. Segundo ela, tudo que desejava era se casar com um homem bom e trabalhador e ter muitos filhos. Porém, ao aceitar o convite de De Filippo, as cortinas do palco se abriram para ela e as portas do cinema também.

Surpreendendo por seu talento, foi convidada para novos trabalhos e nunca mais deixou de atuar. Mas foi depois de estrelar o filme Mulheres e Luzes/Luci del varietà (1950) codirigido por Federico Fellini e Alberto Lattuada, que ela deslanchou na carreira, brilhando em películas de meados dos anos 50.

Trabalhou até os 80 anos e entre os filmes de maior sucesso que  estrelou estão: De Crápula a Herói / Il Generalle della Rovere (1959), Fuga do Presente (1965) e Nós que nos amávamos tanto (1974).

Autenticidade em cena

Ainda muito jovem, Giovanna Ralli recebeu do roteirista Sergio Amidei, com quem teve um envolvimento romântico, uma preciosa dica para interpretar: “Acredite no que você está dizendo”. E assim, pautou sua atuação. De acordo com ela, o talento tem que ser cultivado. Não basta apenas estudar, pois atuar não é uma questão acadêmica.

Outra peculiaridade da atriz é que não costumava se envolver com os personagens que interpretava. Segundo ela, “O set é o set e a vida é a vida”.

Além de Alberto Sordi, o ator com quem sentiu mais sintonia foi Marcello Mastroianni, que ela define como “uma pessoa encantadora”. Com ele, estrelou Bigamo a Força / Il Bigamo, em 1956. Décadas mais tarde, já maduros, eles se encontraram para atuar novamente em Verso Sera, protagonizando um casal de amantes, em 1991.

Giovanna Ralli: Principais Papeis

Ao longo de sua carreira, Ralli trabalhou com  grandes cineastas, interpretando principalmente mulheres reais, que aparentam ser submissas, mas no fundo são enérgicas e perspicazes. Sua origem italiana se encaixava perfeitamente nesse tipo de papel, a exemplo de sua contemporânea, a atriz Sophia Loren.

Um de seus primeiros papeis como protagonista foi no filme Era Noite em Roma, de Roberto Rossellini. Conquistou uma Fita de Prata por sua atuação em um romance lésbico, em A Fuga (1965) e também fez  grande sucesso no filme Nós que nos amávamos tanto (1974), de Ettore Scola, pelo qual recebeu  a Fita de Prata de melhor atriz coadjuvante.

Ela sempre será lembrada pela atuação de mulheres intensas e com leve carga dramática, bem ao estilo das musas italianas.

Giovanna Ralli: Filmes

A primeira apariação de Giovanna Ralli na telona, foi no filme La Maestrina, de Giorgio Bianchi (1942). Tinha apenas sete anos de idade. No mesmo período, ganha um pequeno papel em A Culpa dos Pais/ I Bambini ci Guardano, de Vittorio De Sica (1943).

Nos anos 50, sua carreira deslancha, participando de vários filmes:

  • Mulheres e Luzes / Luci del Varietà, codirigido por Federico Fellini e Alberto Lattuada (1950),
  • Signori in carrozza! (Luigi Zampa, 1951)
  • La famiglia Passaguai (1951/Aldo Fabrizzi)
  • Barnabé Vira Mulher (1952/ Aldo Fabrizzi).

Depois de atuar em Anni Facili, de Luigi Zampa (1953), Amores na Cidade (1953 – Alberto Lattuada) e Vila Borghese (1953 – Vittorio De Sica / Gianni Franciolini), ela conquista papeis de mais destaque em várias produções como:

  • Um Herói de nossos tempos (1955) – de Mario Monicelli, contracenando com AlbertoSordi
  • Racconti romani (1955), de Gianni Franciolini
  • Bígamo a Força (1956), de Luciano Emmer, ao lado de Marcello Mastroianni.

Uma de suas melhores parcerias foi com Roberto Rossellini, que a dirigiu em 3 filmes – o drama de guerra De Crápula a Herói, de 1959,onde contracenou com Vittorio De Sica. O filme, com temática de guerra, conquistou o Leão de Ouro, no Festival de cinema de Veneza e indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original.  Do mesmo diretor, foi a protagonista de Era Noite em Roma (1960) e o drama histórico Viva a Itália (1961).

Por sua atuação em um romance lésbico, em Fuga do Presente /La Fuga  (1964), com direção de Paolo Spinola, ela conquistou o prestigiado prêmio Nastro D’Argento (Fita de Prata) como melhor atriz. Também atuou em comédias como La vita agra (1964, Carlo Lizzani), com Ugo Tognazzi e Fala-me de Mulheres (1964, Ettore Scola), com Vittorio De Sica.

Chegou a tentar carreira em Hollywood, em filmes como What Did You Do In The War, Daddy?, em 1966, ao lado de James Coburm, com direção de Blake Edwards e Carnaval de Ladrões(1967), mas nunca alcançou o destaque no cinema americano, como suas colegas italianas Sophia Loren e Gina Lollobrigida.

Voltando a atuar no cinema italiano nos anos 70, um de seus filmes de maior sucesso foi Nós que nos Amávamos Tanto (1974), de Ettore Scola, que lhe valeu mais uma Fita de Prata como melhor atriz coadjuvante.

Nos anos 80, ela se afasta temporariamente do mundo do cinema, dedicando-se ao teatro.

Retorna à telona somente em 1991, no filme Verso Sera, de Francesca Archibugi. Participa de algumas séries para a televisão e segue atuando, com menos regularidade, com destaque para seu papel em Almoço de Domingo (Il Pranzo della Domenica), dirigido por Carlo Vanzina, no qual interpreta uma viúva, atuação que lhe rendeu mais uma indicação para a Fita de Prata.

Giovanna Ralli: Prêmio e indicações

Atriz visceral e com interpretação naturalista, Giovanna Ralli se dividiu entre os palcos do teatro e os sets de cinema, além de participações em filmes para televisão. Embora não tenha feito tanto sucesso quanto outras atrizes italianas como Sophia Loren e Claudia Cardinale, despertou o interesse da crítica em vários momentos de sua carreira, recebendo diversos prêmios e indicações no cinema italiano.

Conquistou dois Nastro D´Argento (Fita de Prata), concedido pelo  Sindicato dos Jornalistas de Cinema Italianos:

  • Melhor atriz, pelo filme A Fuga (1966).
  • Melhor atriz coadjuvante, por  seu papel  em Nós que nos amávamos tanto (1974).

Também no Nastro D´Argento, recebeu as seguintes indicações:

Melhor atriz coadjuvante:

  • Bigamo a Força (1957)
  • Verso Sera (1991)
  • Tutti gli Anni una Volta L’anno (1995)
  • Almoço de Domingo (2003).
  • Un Ragazzo D’oro (2015).

Melhor atriz:

  • Una Prostituta al Servizio del Pubblico e in Regola com le Leggi dello Stato (1972)
  • Colpita da Improvviso Benessere (1976).

Outros prêmios que conquistou em sua carreira:

  • Prêmio David di Donatello -Medalha de Ouro da Cidade de Roma (1981)
  • Grolla D´Oro: melhor atriz por Momento Sublime (1956) e Una Prostituta al Servizio del Pubblico e in Regola com le Leggi dello Stato (1972)
  • Globo de Ouro pela Carreira (1975).
  • Prêmio Flaiano pelo conjunto da obra cinematográfica e teatral (1993)
  • Premio Cinearti La Chima di Berenice (2008).
  • Prêmio Anna Magnani Lifetime Achievement (2014).

Giovanna Ralli: idade

Com uma profícua e gratificante atuação de mais de 60 anos no cinema, TV e teatro, e dona de uma grande vitalidade, Giovanna Ralli decidiu, ao completar 80 anos, que estava na hora de parar. Anunciou sua despedida da carreira em 2015, no Festival de Cinema de Taormina, na Sicília. Na ocasião, ela recebeu um prêmio especial por seus 65 anos de carreira,  saiu de cena, sob aplausos, com merecido reconhecimento por tudo que legou ao cinema, tanto italiano quanto internacional.